No âmbito da promoção das tecnologias de produção orgânica e regenerativa, o projecto AMECANE, na sua segunda fase, firmou parcerias com os Institutos Agrários de Majune (IAM) e de Lichinga (IAL), localizados no distrito e cidades com os mesmos nomes, respectivamente, que permitiu o treinamento dos estudantes e formadores destas instituições sobre os microrganismos eficazes (EM1) – um tipo de biofertilizante agrícola produzido através da combinação com uma variedade de resíduos de matéria orgânica.
Desde então, as duas instituições de ensino técnico-profissional integraram esta inovação nos seus módulos curriculares de formação, testando em culturas diversas. Mas mais do que isso, a tecnologia do EM1 está sendo colocado ao serviço dos produtores comunitários, de modo a melhorar, simultânea e qualitativamente, a produção e rendimentos, conduzindo assim para sua ampliação e disseminação à escala nacional.
Um dos exemplos concretos desta aliança entre o projecto AMCANE, instituições académicas e comunidades pode ser constatado no distrito de Majune, onde em sessões de aulas práticas, os estudantes do Instituto Agrário local, usam também o EM1 e seus derivados (Bokashi) nos campos de demonstração de produção de uma variedade de culturas, com destaque para o tomate, o repolho, a cebola, o milho. Parte da produção é destinado ao consumo interno dos estudantes e formadores e a outra segue para a comercialização.
Esta abordagem em que os estudantes, em aulas práticas, produzam bens alimentares está a contribuir para retenção dos discentes naqueles estabelecimentos de ensino, bem como a redução da dependência dos institutos em relação ao orçamento do estado.
“No âmbito da parceria com a HELVETAS passamos a integrar o treinamento sobre a aplicação do EM1 num módulo que chamamos de ‘Tecnologia de Investigação Agrária’ e agora estamos a ensinar as comunidades para que também possam adoptá-lo para reduzirem os custos de produção, uma vez que os fertilizantes orgânicos são muito mais baratos e podem ser preparados localmente com restos de variadas matérias orgânica e inorgânicas. Ademais, embora a província de Niassa não seja potencial na produção de caju, ainda assim aplicamos o EM1 nos viveiros de caju e os resultados são promissores, visto que temos 4 hectares de mudas de cajueiro neste momento”, disse Armando António Munguambe, director do IAM.
Cerca de 300 quilómetros depois do distrito de Majune, rumo ao lago Niassa, fica a cidade de Lichinga, onde o Instituto Agrário local (IAL) também introduziu a tecnologia EM1 no seu plano temático de ensino. Aqui, os campos de demonstração – montados pelos estudantes durante as aulas práticas, estão numa zona baixa, onde a irrigação das culturas acontece por gravidade das águas do rio localizado próximo aos campos de cultivo. O IAL está a treinar e assistir tecnicamente a cerca de 200 produtores das comunidades circunvizinhas sobre o uso de biofertilizantes com base no EM1.
Colhemos 10kg de tomate por planta
“Nós temos uma base sólida de ensino da técnica de compostagem – que é outro método de produção orgânica. Quando nos engajamos com a HELVETAS, os treinamentos decorrentes desta parceria permitiram-nos ampliar o nosso entendimento sobre outras tecnologias de fertilização do solo, nomeadamente, aplicando EM1 e seus derivados. Temos estado a ter resultados muito satisfatório, por exemplo, chegamos a colher até 10 kg de tomate por planta, contra uma média de 5kg que produzíamos anteriormente nos nossos campos de demonstração”, Almiro Hugo Cardoso – técnico agrícola, formador no IAL.