Etanol Medicinal produzido localmente para o Norte de Moçambique
O Norte de Moçambique prepara-se rapidamente para um número crescente de casos da COVID-19; já existem 131 casos em Cabo Delgado e estão a aumentar. As unidades sanitárias estão a ser equipadas com as infra-estruturas e equipamentos necessários para isolar e apoiar tanto os doentes com sintomas moderados como os graves. O equipamento de protecção pessoal está a ser encomendado e colocado em diferentes locais das províncias. As necessidades de desinfectantes, especialmente produtos à base de cloro e etanol medicinal, têm aumentado na preparação da resposta. Mesmo em condições normais existe uma necessidade enorme destes produtos, cujo fornecimento depende inteiramente das importações: Só Cabo Delgado tem 130 unidades sanitárias, Niassa mais de 180 e Nampula, uma das províncias mais populosas, até mais de 200 unidades sanitárias. Para esta resposta e para quaisquer surtos futuros - vozes dizem que esta pode não ser a última crise da COVID-19 - há uma necessidade urgente de uma solução de produção local sustentável e a longo prazo para os desinfectantes.
A Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação e o Serviço de Desenvolvimento do Liechtenstein, em colaboração com a Helvetas, apoiam assim a EcoEnergia de Moçambique Lda. no seu investimento para a produção de etanol medicinal e higienizador de mãos para responder a esta procura. A EcoEnergia já tinha um plano de produção de etanol a partir de matéria-prima da produção de açúcar e caju nas suas instalações de Ouro Verde em Ocua, Distrito de Chiúre. Eles decidiram agora responder às necessidades urgentes com uma implementação rápida três anos de antecedência. O Secretário de Estado da Província de Cabo Delgado, Prof Armindo Saul Atelela Ngunga, expressou na sua comunicação a necessidade urgente e salientou a importância para as empresas de se juntarem à luta e produzirem produtos essenciais.
A EcoEnergia vai instalar uma destilaria que pode produzir pelo menos 60.000 litros de álcool medicinal por ano. Eles têm matéria-prima suficiente, infra-estrutura e pessoal suficiente para produzir esse etanol medicinal a partir do cana de azucar e fruto de caju, bem como para agregar valor a isso, produzindo desinfectantes usando aloe vera e moringa, ambos também disponíveis nas machambas. A venda de fruto do cajú proporcionará uma renda adicional bem-vinda para os numerosos produtores de caju no projeto Ouro Verde e nos arredores, com os quais o Serviço de Desenvolvimento do Liechtenstein financiou o projeto AMCANE colaborando para melhorar a produção e a qualidade do caju. A Helvetas implementa o projecto AMCANE em colaboração com a Fundação Aga Khan e Pakka AG.
A Helvetas irá apoiar centros de saúde seleccionados em Cabo Delgado com um fornecimento inicial directo de etanol medicinal produzido pela EcoEnergia. Os centros de saúde serão seleccionados em colaboração com o Direçcão Provincial de Saúde com o qual a Helvetas colabora como parte do Projecto de Promoção da Saúde de Cabo Delgado da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação. Este projecto prometeu apoio à resposta da COVID-19 em Cabo Delgado através de apoio com equipamento de protecção pessoal, reabilitação de centros de saúde em unidades isoladas e campanhas de sensibilização e envio de mensagens em diferentes distritos. A médio e longo prazo, a Helvetas apoiará a EcoEnergia no desenvolvimento de uma rede de abastecimento para os sectores da saúde, educação, indústria e empresas no Norte de Moçambique para além da COVID-19.
A EcoEnergia já iniciou o processo de importação do equipamento necessário e espera poder produzir o primeiro lote de etanol medicinal já a partir de Junho de 2020. Veja este espaço para actualizações e mais informações sobre este projecto ao longo dos próximos 7 meses!
