Resiliência: produtores agrários envolvidos no povoamento de cajual em Niassa

REPORT.PHOTOS: Leonel Albuquerque - 14. março 2025

Nissa é das províncias moçambicanas menos cotadas quando se fala da produção da castanha de caju – considerada uma cultura de alto rendimento para os produtores agrícolas. Talvez devido ao clima ou por razoes históricas grandes indústrias de fomento privilegiaram regiões com acesso à costa para favorecerem o comércio. Certou ou não, Niassa procura um lugar no pódio entre os maiores produtores da castanha de caju, mas há que começar pequeno, dando aos produtores a tecnologia certa para despontarem extensos cajuais numa terra visivelmente seca e ensolarada. 

Manuel Munanara, 65 anos, é um dos produtores agrícolas do distrito de Marrupa, (Niassa), dono de um viveiro com 2 mil mudas de cajueiros produzidos com adubos orgânicos (EM1 e Bokashi), assistido tecnicamente pelo Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM), no âmbito da promoção de viveiros comunitários com o apoio do projecto AMECANE (Amendoim, Caju e Pequenos Negócios), implementado pela HELVETAS Moçambique.

Aproximar os viveiros ou as culturas às comunidades resolve um dilema de décadas, em que os produtores tinham de percorrer longas distâncias, ou a pé ou de bicicleta em direcção ao Viveiro de Marrupa (pertecente ao Instituto de Amêndoas de Moçambique) para compra de mudas de cajueiros. A sua reduzida capacidade de carregamento dos pequenos produtores, os obrigava a repetir estas viagens várias vezes até perfazer o número total de plantas que pretendiam adquirir.

Munanara faz parte de um grupo de 35 produtores de uma das cooperativas agrícolas locais ainda em fase de constituição. Para além de viveiro, Manuel tem uma farma com 300 cajueiros. Ele foi treinado pelo IAM sobre as tecnologias de produção agrícola orgânica usando os Microrganismos eficazes (EM1) e seus derivados (Bokashi).

Os produtores envolvidos na promoção de viveiros comunitários foram seleccionados com base na experiência que tinha na produção de caju. A iniciativa, ainda em fase piloto permitiu, até então, o estabelecimento de 4 viveiros comunitários no distrito de Marrupa e 10 em toda província de Niassa.

«Este projecto [AMECANE] estabeleceu parceria com o Instituto [de Amêndoas de Moçambique] em 2022, tendo treinado os nossos técnicos em cooperativismo e agricultura orgânica. Também tivemos apoio para prestar serviços e assistência técnica e investigação aos pequenos produtores que se beneficiaram de viveiros comunitários.»

Engenheiro Santos João Estaindo, do Departamento de Desenvolvimento de Produção do IAM.