O debate sobre o desemprego juvenil há muito reduzido a meras estatísticas e políticas anda desalinhada às expectativas dos jovens. São muitos que por falta de formação mais outras razões não conseguem emprego e/ou trabalho, muito menos conhecem os mecanismos e oportunidades para o conquistar. Por trás dos números, largamente publicados em relatórios das mais diversas instituições, há vidas e rosto conhecidos de jovens afectados pelo problema de desemprego. Alguns são chefes de famílias e, por isso, empoderá-los significa prosperar comunidades.
Neussa Fernando, Alaina Júlio e Ramassane Marchane, são três jovens, provenientes de famílias carenciadas distintas que engrossavam as estatísticas nacionais de jovens sem formação e desempregados, até serem graduados, recentemente, na sequência da conclusão dos cursos práticos de curta duração que vinham frequentando desde o início do presente ano.
A formação, insere-se no âmbito do projecto HOJE (Habilidades mais Oportunidade resulta em Jovem com Emprego), implementado pela HELVETAS Moçambique. Trata-se de uma abordagem inovadora que busca desenvolver habilidades práticas dos jovens (saber fazer) em sectores estratégicos e com maior demanda por mão de obra. É, portanto, uma solução adaptada para combater o problema de desemprego dos jovens.
“Antes de entrar para a formação dedicava-me a agricultura na machamba familiar, mas logo que tomei conhecimento da oportunidade de me formar em corte e costura, me inscrevi imediatamente. Meu objectivo foi sempre ter uma habilidade para ajudar financeiramente a minha família. Com este curso facilmente a pessoa inicia o seu autoemprego. Aprendi a fazer saias, camisas, vestidos, assessórios para bebes, moldar capulanas, costurar turbantes, avental de cozinha e sacola de pão. Agora penso em iniciar meu negócio”, contou a Neussa.
Diferente da Neussa, Alaina quer replicar tudo que aprendeu, trabalhando como mestre de corte e costura, para formar outros jovens que buscam por oportunidades para desenvolverem habilidades para vida e carreiras profissionais. É um sonho que vem de longe.
“Eu recomendo que outros jovens estejam atentos a este tipo de oportunidades, porque tendo uma formação, em qualquer área que seja, nós jovens teremos mais possibilidades de melhorar as condições de vida das nossas famílias”, explicou Alaina.
Enquanto isso, Ramassane, carpinteiro recém-formado, sonha em abrir sua própria oficina para encorajar aos amigos e familiares a apostarem na formação e, assim, evitar envolverem-se em actividades ilícitos.
“Esta formação me ajudou e quero ser exemplo para meus amigos na comunidade onde vivo. Quero incentivar a eles a pautar pela honestidade e legalidade. Eu tinha medo de me marginalizar, por isso, a minha grande preocupação era aprender a fazer alguma coisa que me desse rendimento”.
Os cursos de curta duração (6 meses) enquadram-se na abordagem de Grupos Cooperativos adoptado pelo projecto HOJE e consiste no agrupamento de cinco jovens para “aprender fazendo”, sob a instrução de um artesão e/ou mestre, numa oficina da comunidade. Os Jovens são seleccionados juntamente com as autoridades locais, com base nos critérios propostos pelo projecto.
Estes três jovens com visões empreendedoras, nomeadamente, Neussa, Alaina e Ramassane, fazem parte de um total de 100 jovens graduados em Julho último, sendo 25 na cidade de Nampula, 30 em Nacala-Porto, 15 no distrito de Ribaué e 30 jovens no distrito de Cuamba (província de Niassa). São graduados que estão prontos para empreenderem seus negócios e, competitivamente, servirem ao mercado em diferentes sectores de actividade económica.
Eis a lista de distribuição dos jovens beneficiários por áreas de formação.